terça-feira, 22 de abril de 2014

Vamos falar de preconceito? - Religioso


Há um tempão eu me propus a começar uma série de discussões aqui no Sonhando sobre preconceito sob todas as formas. Mas a verdade é que nunca comecei. E não foi por falta de tema não, foi por excesso!


Tantas coisas pediam atenção ao mesmo tempo que eu não sabia por onde começar. Até que hoje li um comentário no twitter que me inspirou a escrever sobre preconceito religioso.


Hoje é 22 de abril, véspera de Dia de São Jorge, padroeiro do Rio de Janeiro e também santo muito sincretizado na Umbanda e no Candomblé com o orixá Ogum. No Rio, as comemorações a S. Jorge são tradicionais e duram o dia toda. Sobre isso, um amigo postou:

"Hoje às 4 da manhã já vão ter fogos em função de algum santo idiota, eta povinho primitivo". Esse meu amigo é ateu. Ele tem o direito de discordar da nossa crença? Tem. Tem o direito de nos chamar o santo de idiota e de chamar os devotos de primitivos? Não.

Se tem uma coisa que meu pai carnal me ensinou muito bem desde criança é que seu direito termina onde começa o do outro. Concordo com meu amigo que fogos na madrugada pode não ser a melhor forma de se conquistar a simpatia dos vizinhos, mas chamar a fé de idiota e primitiva tão pouco o é.


E assim também podemos começar a traçar o caminho inverso: daqueles que julgam o ateu como alguém inferior porque ele não acredita em Deus. Querido, você que está aí se dizendo cristão e enfiando a bíblia goela abaixo dos outros já deve ter lido a parte que diz sobre o livre arbítrio, né? - (Gênesis 1:26) "nós somos um reflexo de nosso Criador no sentido de que somos capazes de demonstrar qualidades como amor e justiça. E, assim como ele, nós temos livre-arbítrio".

É uma parte linda e maravilhosa que conta para todas as pessoas no mundo que existem vários caminhos a seguir e você escolhe o que quiser. Não é mágico? E, perceba, o ateísmo é um caminho a se seguir. Aceite isso, viva bem e pare de perturbar o coleguinha.


Por falar em perturbar o coleguinha... Vamos falar daquela galera que chova, faça sol, de segunda a sexta. Nos restaurantes, nas ruas e nos ônibus da cidade estão a pregar a palavra do Senhor Jesus. Amados irmãos, acreditem: não somos surdos. Quando nos sentirmos tocados pela palavra do Senhor, procuraremos uma igreja.

Enquanto isso, por favor, tirem o doido do megafone que vem pregar embaixo da minha janela toda quarta-feira à tarde. Já tive que chamar a polícia duas vezes. Ah. Sim. Também parem de invadir centros e terreiros e quebrarem tudo o que é sagrado. Além de nos ofender, é crime e dá cadeia.

É dessa forma que vocês criaram um estereótipo muito ruim para si, que nem sempre condiz com a realidade! Em toda a minha vida, tive amigos evangélicos maravilhosos que aceitaram e respeitaram a minha fé, assim como fiz com a deles. E conversamos e trocamos ideias maravilhosas e percebemos como nossas religiões são lindas.



Também já passei por padres católicos que queriam me exorcizar, me difamaram e sugeriram minha demissão. Assim como estudei em colégios católicos onde as freiras me davam aulas sobre a bondade de Deus e eu passava meus intervalos (por opção) na capela com o padre estudando trechos da bíblia.


Ah, sim, para quem ainda não sabe, fui Ateia, Kardecista e hoje sou Candomblecista com quase 7 aninhos de iniciação. E amo tudo que posso ser ligado a espiritualidade e ao crescimento interior.

O que aprendi com tudo isso? Que a tolerância e o respeito nascem de cada um de nós e não pode ficar só no discurso. É preciso praticá-los. Se não, sempre estaremos abaixando demais a cabeça e deixando o rabo descoberto...

Ninguém é perfeito. Ninguém é melhor que ninguém. Nenhuma religião, dogma ou crença é único ou escolhido: cada um é o melhor jeito que você conseguiu se adaptar para encarar a vida. Dê o nome de Deus, Alá, Orunmilá, partícula universal, força maior ou a Grande Batata.



2 comentários:

  1. Religião é um negocio complicado de discutir por que, por exemplo, o evangélico pregar dentro do ônibus é um ensinamento que lhe é passado na igreja. É como se eu falasse pra qualquer outra religião que tal atitude dela está errada. É chato... É um porre e a gente sabe que está errado, mas é o que a religião dele diz para fazer.

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