domingo, 25 de outubro de 2015

Feminista? Eu?

Não é de hoje que muitas pessoas me vêem como feminista. Mas, na cabeça deles, o que isso quer dizer? É uma coisa boa ou ruim?


Já vi quem me acusasse de elevar a mulher contra o homem. Acreditem, essa não sou eu. Como poderia combater violência com mais violência? Não foi essa a criação que recebi em casa. "Olho por olho e o mundo ficará cego"  já disse Mahatma Gandhi.


Não me entenda mal. Não estou dizendo que não exista uma cultura machista que até hoje é influente na sociedade. Quando vejo mulheres xingando outras de "puta" por estarem usando essa roupa ou dançando aquela música, percebo o quanto isso está arraigado. É uma noção ampla que atingiu até mesmo a forma de pensar de algumas mulheres.

E aí entra de tudo: Fulana foi estuprada, mas também, com aquela roupa... Tava pedindo. Beltrana apanha do marido todo dia e continua com ele. Bem feito, tem mais que apanhar mesmo para deixar de ser babaca. Essas frases eu não ouvi de homens... E é isso que me preocupa. Como a gente pode defender esse tipo de pensamento?


Eu tenho cá minhas história de violência. Já fui agredida por ex-namorado. Já fui molestada. Fui agredida verbalmente e psicologicamente. Inúmeras vezes andava pela rua e tive que ouvir cantadas de gosto muito duvidoso. Já fui seguida por um cara que achou que se eu estava sozinha, podia ser abordada. Já recebi uma ligação: seu currículo é muito bom, mas preciso de uma foto pra saber se você é bonita. Já trabalhei em mais de um lugar que ralava igual a todos e recebia menos que meus colegas do sexo masculino. Tudo isso, TUDO é violência contra a mulher.

E é por isso que eu luto. Luto por um sistema igualitário onde homens e mulheres sejam reconhecidos por suas capacidades. Onde a aparência não conte. Onde o que importa é se você é bom ou não. Isso nos faz merecedores de alguma coisa. A minha luta é para que homens e mulheres possam ter acesso aos mesmos direitos, deveres e serem tratados de forma justa.

Isso faz de mim feminista? Não na concepção pejorativa que muitos deram à palavra. Porque para muita gente hoje o feminismo é uma coisa negativa, que pode ser igualada ao machismo por seu extremismo. Mas isso é uma versão completamente distorcida do movimento.


Não saio com meus peitos de fora, não acho que homens são a escória, que não precisamos deles. Não venha com o discurso de que não se depila porque isso é um imposição do patriarcado opressor.

Sou feminista sim! Com muito orgulho, no real significado da palavra: luta pela equidade de gêneros! Então vou mesmo bater o pé, defender direitos iguais, que as mulheres possam fazer o que elas quiserem: desde não se depilar até ser dona de casa. Porque isso é o movimento realmente defende: liberdade de escolhas e aceitação.

E quando eu levantar uma bandeira para a mulher, tenha em mente que não é meu único foco. Eu não luto só pela gente. Luto para que todos: homens e mulheres, de qualquer idade, nacionalidade, sexualidade, possam ter os mesmos papéis na sociedade. Os mesmos direitos e deveres.

E se você acha que estou errada, tudo que eu posso fazer é tentar te mostrar o caminho do século XXI. Espero que você consiga segui-lo.



terça-feira, 28 de abril de 2015

Contos & Crônicas: A conversa

Andava pela rua quando o sol saiu secando as últimas gotas de chuva. Ela levantou a cabeça e olhou as nuvens se dissiparem no céu. Um cachorro vagabundo se sacudiu para se secar e acabou molhando-a. Praguejou e continuou seu caminho.

Agora restavam somente alguns metros até a casa dele. Já podia ver o contorno do prédio no fim da rua. Seu coração acelerou. Nunca antes havia feito aquilo. Mas agora havia uma urgência, uma necessidade. Era preciso que ele ouvisse o que tinha a dizer.

Chegou ao prédio e parou à porta. Os batimentos de seu coração aumentavam a cada segundo. Fechou os olhos tentando se acalmar. Reorganizou os pensamentos e repassou mais uma vez a frase que ensaiou a semana inteira em frente ao espelho. Quando se sentiu confiante, tocou o interfone:

- Pronto.

- Roberto?

- Quem é?

- Mariana...

- Oi, Mari. Sobe aí!

A portaria abriu e ela entrou. Resmungou mal humorada quando descobriu que teria que subir até o quinto andar de escada: o elevador estava quebrado.

Subiu os dois primeiros andares e a respiração acelerou. E se ele não respondesse às expectativas do que tinha a dizer? Não tinha pensado nisso ainda. Seu coração se encheu de dúvidas. E se tudo desse errado? Meu Deus! O que ela faria? Agora já era tarde demais para pensar nisso. Estava a apenas três andares dele. Era agora ou nunca. Venceu os degraus restantes.

Quando chegou em frente ao apartamento dele, tocou a campainha.

- Oi, Mari! Como você está? – Deu um beijo no rosto dela e abriu espaço para que entrasse. – Aceita uma água?

Ela fez que “sim” com a cabeça e sentou-se no sofá. Em pouco tempo havia um copo de água em sua mão, ainda intocado. Estava dispersa. Seus olhos vagavam entre os móveis, o copo e o rosto dele.

Demorou vários minutos até perceber que Roberto estava falando. E muito. A boca não parava de despejar um mar de palavras sem fim que começaram a desnorteá-la. Quando não aguentou mais, interrompeu-o com desculpa de ir ao banheiro.

Sozinha, lavou a nuca e o rosto na pia. Olhou-se no espelho. Era a própria visão do desespero. Só de lembrar-se do que fora fazer ali revirava seu estômago. Tentou se acalmar o máximo que pôde e voltou para a sala.

Roberto sorriu e Mariana sentiu-se derreter por dentro. Medo. Ansiedade. Vergonha. Eram tantos os sentimentos que a inundavam agora que não saberia descrevê-los. Por fim, reuniu toda a coragem que lhe restava.

- Preciso te falar uma coisa.

- Fique à vontade! Você sabe que o que precisar é só falar. Pode se abrir comigo. Sou seu amigo. Estou aqui para o que der e vier.

Ela se irritou.

- Cala a merda da boca só por um segundo!

- O que foi, Mari? Por que você está nervosa? Sou seu amigo! Pode confiar em mim.
Deus, o sorriso dele era perfeito.

- Só escute o que eu tenho para falar.

- Mas se você tem alguma coisa para falar, diga logo! Nunca impedi ninguém de falar nada. 

- A irritação dela crescia. – Além do mais, entre amigos não deve haver segredos. Vamos, diga! O que é?

Nervosa, coração palpitando, boca seca. Fechou os olhos e disse em voz mais alta do que gostaria:


- Vim cobrar os R$ 200 que você está me devendo.

quinta-feira, 8 de janeiro de 2015

O texto precisa ver o mundo

Sim, precisa. O Texto precisa ver o mundo e o mundo precisa ver o Texto. Essa é a premissa inicial de qualquer escritor. É aquele comichão que te chama desesperadamente a qualquer hora do dia ou da noite para uma folha de papel ou ao computador. Quando você sente - sim, você sente - que está na hora, aquele emaranhando de ideias vai criar uma forma. Pode até ser que o escritor ainda não saiba qual seja ela exatamente, mas agora ele não tem mais tanto domínio sobre isso. O Texto precisa sair e conhecer o mundo.

Então o escritor para tudo. Nada mais é importante. Agora é o momento mais sagrado. A hora em que as palavras o levam a um outro nível: ao êxtase total. Elas se jogam e você brinca com elas. É um momento sublime onde não existe mais nada além do autor e do Texto. Não importa o assunto, a forma, a linguagem. O Texto... sempre será Texto.

Ah, mas como ele pode ser diferente a cada vez que surge! Em lugares diferentes, em mãos diferentes. Ele nunca será o mesmo, ainda que escrito por uma só pessoa, no mesmo dia. E essa é a beleza dessa arte: ela é mutável, em transformação, para sempre inacabada. Porque o artista ao reler sua obra vai querer mudar uma coisa ou outra. Ou mesmo rasgá-la em pedaços e começar do zero.

E, mesmo assim, isso só nos trás paz à alma. Confesso que muitos Textos já me acordaram de madrugada e me tiraram da cama. E quem me conhece sabe o quanto isso é perigoso. Mas não para ele. Não. Não para o amor da minha existência. Como poderia negar o dom da vida às palavras que tanto admiro? Jamais! Seria como um aborto!

Então escrevo. E a cada letra, palavra, vírgula, ponto; nasce uma frase, uma ideia, um parágrafo. Até o Texto estar pronto. Olho para ele e sorrio. É meu filho. Nasceu de mim. Não. Nasceu por meio de mim. Tenho certeza que essas ideias maravilhosas não saíram da minha cabeça. Sou abençoada por uma Musa grega inspiradora que me sopra aos ouvidos as palavras que transcrevo.

Admiro. Admiro o Texto como se não fosse eu própria a escritora. Porque quando ele nasce, ele já nasce adulto. Pronto para encarar o mundo. E, assim como filhos, temos que deixá-los partir. Mas aqui o desapego é mais abrupto, mais rápido.

Daqui, apenas o acompanho crescer. Vejo-o tocar "corações e mentes" - como diria meu pensador favorito. E essa é minha maior recompensa. Então vá, Texto, vá voar. Porque o mundo é o seu domínio, o seu lugar.




quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Guerra digital

Sempre falo para os meus clientes da força das mídias digitais e das redes sociais como veículos de comunicação. As eleições desse ano só reforçaram a minha visão. Qualquer informação se espalha rapidamente em questão de minutos. 

Recentemente li em algum lugar (provavelmente na Superinteressante) que um jornal impresso diário tem mais informação do que uma pessoa recebia em toda a sua vida no século XIX. E vamos combinar que hoje quase ninguém se prende a impressos, não é mesmo?

Eu mesma, por ser jornalista e extremamente curiosa, leio ao menos cinco jornais online por dia, fora as notícias aleatórias que aparecem na minha Time Line do Twitter. Sem contar as piadas, os vídeos, as músicas... É muita coisa! E para chamar a atenção do leitor vale tudo, principalmente manchetes sensacionalistas. E é aí que começa o problema...


Uma pessoa que recebe 200 posts por dia dificilmente vai abrir todos os links. No máximo vai ler só o título da chamada. Até aí tudo bem. O problema é que essa pessoa desenvolveu um péssimo hábito: o de disseminar aquele conteúdo. E, acredite, ela fará isso, mesmo sem ter certeza do que se trata. E é por isso que quando vejo alguns profissionais de comunicação afirmarem que o futuro é o "jornalismo colaborativo" sinto até calafrios. 

Veja o Facebook, por exemplo. É o típico caso do "não li, não sei o que é, mas opinei e compartilhei". E aí, meu amigo, vira o samba do crioulo doido. Cansei de ler debates sérios sobre noticias que, na verdade, eram piadas. Informações de como me proteger de um vírus que nunca existiu. E até posts que me preveniam de uma enfermeira louca que estava injetando HIV nas pessoas na rodoviária... "Cheque a fonte", SEMPRE digo isso.

Se não o que nós temos não é uma rede de comunicação, é uma rede de boatos e fofocas. E dessa rede nascem coisas como o caso daquela mulher em Guarujá que foi linchada por causa de um boato em uma página do Facebook que dizia que haviam rumores de que ela sequestrava crianças para praticar rituais de magia negra.

Agora, querido leitor, pare um pouquinho, segure a minha mão e venha comigo. Em pleno século XXI um grupo de pessoas se reuniu para linchar uma desconhecida acusando-a de bruxaria. Processou a informação? Isso é o poder da internet.


Não, não é lavagem cerebral e nem retrocesso. Existem centenas de pessoas que pensam de maneiras totalmente diferente umas das outras. E também existem aquelas que pensam bem parecido, só que essas são mais difíceis de conhecer. E durante séculos elas estiveram longe. Mas a internet rompeu os limites físicos. Hoje é possível encontrar, ao alcance de um clique, alguém com ideias parecidas com as suas.

É assim que nasce um clube de livros, uma discussão filosófica, pages de fãs de anime. Mas também é assim que se criam grupos de racismo, "encoxadores", extremistas e toda sorte de gente.

Vamos voltar agora às eleições desse ano, que eu citei lá no início do texto. Provavelmente é o exemplo mais atual da força da internet. Redes sociais viraram um campo de guerra azul x vermelho. E ninguém podia ser neutro. Havia pressão para você torcer para um time. Propostas e ideias? Besteira, não importava. A questão não era defender sua camisa, mas sim xingar e tentar humilhar a outra.

A coisa chegou em um nível tão chocante que amigos e familiares brigaram e pararam de se falar por causa disso! Aconteceu comigo, aconteceu com gente que eu conheço, provavelmente deve ter acontecido com você.

É nessa hora que você vê que as coisas estão começando a sair um pouco do controle. A sua vida digital passa a ser mais importante. Dane-se aquela pessoa que você conheceu a vida toda! Ela não compartilhou meu link que eu mesmo não li! Não curtiu minha foto! Que absurdo: ela pensa diferente!

Encontramos tantas pessoas longe de nós fisicamente que seguem a mesma linha de raciocínio que esquecemos das que estão perto e que nos fazem bem.



Veja, não estou falando mal da internet, mas você tem que saber usá-la. Aprenda, se distraia, faça amigos, estude, veja filmes, seriados. Mas não dissemine boatos, fofocas, discursos de ódio e preconceito. 

E lembre-se: antes de compartilhar, CHEQUE A FONTE!!!





terça-feira, 22 de abril de 2014

Vamos falar de preconceito? - Religioso


Há um tempão eu me propus a começar uma série de discussões aqui no Sonhando sobre preconceito sob todas as formas. Mas a verdade é que nunca comecei. E não foi por falta de tema não, foi por excesso!


Tantas coisas pediam atenção ao mesmo tempo que eu não sabia por onde começar. Até que hoje li um comentário no twitter que me inspirou a escrever sobre preconceito religioso.


Hoje é 22 de abril, véspera de Dia de São Jorge, padroeiro do Rio de Janeiro e também santo muito sincretizado na Umbanda e no Candomblé com o orixá Ogum. No Rio, as comemorações a S. Jorge são tradicionais e duram o dia toda. Sobre isso, um amigo postou:

"Hoje às 4 da manhã já vão ter fogos em função de algum santo idiota, eta povinho primitivo". Esse meu amigo é ateu. Ele tem o direito de discordar da nossa crença? Tem. Tem o direito de nos chamar o santo de idiota e de chamar os devotos de primitivos? Não.

Se tem uma coisa que meu pai carnal me ensinou muito bem desde criança é que seu direito termina onde começa o do outro. Concordo com meu amigo que fogos na madrugada pode não ser a melhor forma de se conquistar a simpatia dos vizinhos, mas chamar a fé de idiota e primitiva tão pouco o é.


E assim também podemos começar a traçar o caminho inverso: daqueles que julgam o ateu como alguém inferior porque ele não acredita em Deus. Querido, você que está aí se dizendo cristão e enfiando a bíblia goela abaixo dos outros já deve ter lido a parte que diz sobre o livre arbítrio, né? - (Gênesis 1:26) "nós somos um reflexo de nosso Criador no sentido de que somos capazes de demonstrar qualidades como amor e justiça. E, assim como ele, nós temos livre-arbítrio".

É uma parte linda e maravilhosa que conta para todas as pessoas no mundo que existem vários caminhos a seguir e você escolhe o que quiser. Não é mágico? E, perceba, o ateísmo é um caminho a se seguir. Aceite isso, viva bem e pare de perturbar o coleguinha.


Por falar em perturbar o coleguinha... Vamos falar daquela galera que chova, faça sol, de segunda a sexta. Nos restaurantes, nas ruas e nos ônibus da cidade estão a pregar a palavra do Senhor Jesus. Amados irmãos, acreditem: não somos surdos. Quando nos sentirmos tocados pela palavra do Senhor, procuraremos uma igreja.

Enquanto isso, por favor, tirem o doido do megafone que vem pregar embaixo da minha janela toda quarta-feira à tarde. Já tive que chamar a polícia duas vezes. Ah. Sim. Também parem de invadir centros e terreiros e quebrarem tudo o que é sagrado. Além de nos ofender, é crime e dá cadeia.

É dessa forma que vocês criaram um estereótipo muito ruim para si, que nem sempre condiz com a realidade! Em toda a minha vida, tive amigos evangélicos maravilhosos que aceitaram e respeitaram a minha fé, assim como fiz com a deles. E conversamos e trocamos ideias maravilhosas e percebemos como nossas religiões são lindas.



Também já passei por padres católicos que queriam me exorcizar, me difamaram e sugeriram minha demissão. Assim como estudei em colégios católicos onde as freiras me davam aulas sobre a bondade de Deus e eu passava meus intervalos (por opção) na capela com o padre estudando trechos da bíblia.


Ah, sim, para quem ainda não sabe, fui Ateia, Kardecista e hoje sou Candomblecista com quase 7 aninhos de iniciação. E amo tudo que posso ser ligado a espiritualidade e ao crescimento interior.

O que aprendi com tudo isso? Que a tolerância e o respeito nascem de cada um de nós e não pode ficar só no discurso. É preciso praticá-los. Se não, sempre estaremos abaixando demais a cabeça e deixando o rabo descoberto...

Ninguém é perfeito. Ninguém é melhor que ninguém. Nenhuma religião, dogma ou crença é único ou escolhido: cada um é o melhor jeito que você conseguiu se adaptar para encarar a vida. Dê o nome de Deus, Alá, Orunmilá, partícula universal, força maior ou a Grande Batata.



quarta-feira, 9 de abril de 2014

Homens... Mulheres...

Se fosse possível ligar os cérebros dos homens e das mulheres numa espécie de aparelho de televisão para vermos o que passa dentro de cada um, as pessoas ficariam espantadas em como eles são diferentes.

Claro, existem algumas mulheres que pensam mais parecido com homens e existem homens que pensam mais parecido com mulheres. Mas a maioria é totalmente diferente.

Já vi casos de uma amiga achar que o cara estava querendo terminar e ele só estava com dor de garganta... E acredite, por mais que pareça, isso não é só insegurança.

Para o homem o universo é “sim” e “não”. Para a mulher a verdade é relativa, varia com os fatos, as horas do dia, Júpiter em conjunção com Vênus...

Então o Homem chega em casa depois de um longo e  cansativo dia de trabalho. Acabou de enfrentar um engarrafamento de 3h. Sem dúvidas ele está muito mais do que emburrado.

A Mulher vai achar que isso não é motivo suficiente para estar irritado. Ela vai tentar achar um porquê obscuro na sua irritação que, na maioria das vezes, conclui sozinha que é insatisfação com a relação. Enquanto, na verdade, o cara só está puto mesmo com o engarrafamento.

Aí o Homem está vendo TV. A essa altura já até se esqueceu do engarrafamento. Mas a Mulher tá lá, encucada com aquilo, criando chifre em cabeça de cavalo. E é aí, bem aí, querido leitor, que se inicia um diálogo bem conhecido por todos nós. 
Uma conversa mais ou menos assim:

- Amor...

- Âh...

- O que você tem?

- Nada.

- Nada não. Você chegou em casa com uma cara...

- Foi o trânsito.

- Ninguém fica assim só por causa do trânsito. Tá acontecendo mais alguma coisa, não tá?

- Já disse que não.

(Silêncio)

- É comigo?

- O quê?

- Eu fiz alguma coisa errada?

- Puta merda! Eu já disse que foi o trânsito! Passei 3h no engarrafamento! O dia inteiro no trabalho com chefe me enchendo! Eu só quero ver TV e distrair a cabeça!

- Nossa! Como você é grosso!

(Silêncio)

- Se era comigo era só ter dito ao invés de colocar a culpa no trânsito.

- Pela última vez! Não é com você! Eu só tive um dia de merda! Eu quero paz!

- Você não me ama mais!!!

- Ah, caralho...

(mulher chorando)

(homem respira fundo)

- Vem cá, vem. Não fica assim. Não é nada com você tá? Eu te amo. Foi só o trânsito mesmo.

- Jura?

- Juro.

- Também te amo.

(Beijinho)

- Amor, você quer suco?

- Tem cerveja?

- Tenho cara de garçonete de boteco por acaso?







quinta-feira, 6 de março de 2014

Um dia desses

Um dia desses eu tomo coragem e me livro dessa mesmice que me sufoca todos os dias. Levanto da cama com um sorriso do rosto pronta p/ jogar tudo p/ alto.

Nesse dia não haverá choro nem tristezas, só alegrias. Não haverá emprego, patrões nem contas a pagar, só o sol aquecendo meu rosto.

Não terá religião, nem regras, nem normas sociais e nem nada que possa me oprimir, só o som do vento tocando meus cabelos.

E nesse dia, ah... Nesse dia... Como serei feliz!

Sem horários, sem prazos, sem obrigações, sem relatórios, sem nada. Só eu e Deus.

Tomar um banho de chuva, voltar a ser criança, brincar de pular nas poças d'água e depois secar ao sol! Correr pelas ruas sem rumo, porque elas são minha casa, meu reinado.

E depois poder dormir e sonhar que o mundo é colorido eu tenho um pônei azul que voa! E acordar e escrever um livro sobre isso!

Ah... Dia desses...