quinta-feira, 30 de outubro de 2014

Guerra digital

Sempre falo para os meus clientes da força das mídias digitais e das redes sociais como veículos de comunicação. As eleições desse ano só reforçaram a minha visão. Qualquer informação se espalha rapidamente em questão de minutos. 

Recentemente li em algum lugar (provavelmente na Superinteressante) que um jornal impresso diário tem mais informação do que uma pessoa recebia em toda a sua vida no século XIX. E vamos combinar que hoje quase ninguém se prende a impressos, não é mesmo?

Eu mesma, por ser jornalista e extremamente curiosa, leio ao menos cinco jornais online por dia, fora as notícias aleatórias que aparecem na minha Time Line do Twitter. Sem contar as piadas, os vídeos, as músicas... É muita coisa! E para chamar a atenção do leitor vale tudo, principalmente manchetes sensacionalistas. E é aí que começa o problema...


Uma pessoa que recebe 200 posts por dia dificilmente vai abrir todos os links. No máximo vai ler só o título da chamada. Até aí tudo bem. O problema é que essa pessoa desenvolveu um péssimo hábito: o de disseminar aquele conteúdo. E, acredite, ela fará isso, mesmo sem ter certeza do que se trata. E é por isso que quando vejo alguns profissionais de comunicação afirmarem que o futuro é o "jornalismo colaborativo" sinto até calafrios. 

Veja o Facebook, por exemplo. É o típico caso do "não li, não sei o que é, mas opinei e compartilhei". E aí, meu amigo, vira o samba do crioulo doido. Cansei de ler debates sérios sobre noticias que, na verdade, eram piadas. Informações de como me proteger de um vírus que nunca existiu. E até posts que me preveniam de uma enfermeira louca que estava injetando HIV nas pessoas na rodoviária... "Cheque a fonte", SEMPRE digo isso.

Se não o que nós temos não é uma rede de comunicação, é uma rede de boatos e fofocas. E dessa rede nascem coisas como o caso daquela mulher em Guarujá que foi linchada por causa de um boato em uma página do Facebook que dizia que haviam rumores de que ela sequestrava crianças para praticar rituais de magia negra.

Agora, querido leitor, pare um pouquinho, segure a minha mão e venha comigo. Em pleno século XXI um grupo de pessoas se reuniu para linchar uma desconhecida acusando-a de bruxaria. Processou a informação? Isso é o poder da internet.


Não, não é lavagem cerebral e nem retrocesso. Existem centenas de pessoas que pensam de maneiras totalmente diferente umas das outras. E também existem aquelas que pensam bem parecido, só que essas são mais difíceis de conhecer. E durante séculos elas estiveram longe. Mas a internet rompeu os limites físicos. Hoje é possível encontrar, ao alcance de um clique, alguém com ideias parecidas com as suas.

É assim que nasce um clube de livros, uma discussão filosófica, pages de fãs de anime. Mas também é assim que se criam grupos de racismo, "encoxadores", extremistas e toda sorte de gente.

Vamos voltar agora às eleições desse ano, que eu citei lá no início do texto. Provavelmente é o exemplo mais atual da força da internet. Redes sociais viraram um campo de guerra azul x vermelho. E ninguém podia ser neutro. Havia pressão para você torcer para um time. Propostas e ideias? Besteira, não importava. A questão não era defender sua camisa, mas sim xingar e tentar humilhar a outra.

A coisa chegou em um nível tão chocante que amigos e familiares brigaram e pararam de se falar por causa disso! Aconteceu comigo, aconteceu com gente que eu conheço, provavelmente deve ter acontecido com você.

É nessa hora que você vê que as coisas estão começando a sair um pouco do controle. A sua vida digital passa a ser mais importante. Dane-se aquela pessoa que você conheceu a vida toda! Ela não compartilhou meu link que eu mesmo não li! Não curtiu minha foto! Que absurdo: ela pensa diferente!

Encontramos tantas pessoas longe de nós fisicamente que seguem a mesma linha de raciocínio que esquecemos das que estão perto e que nos fazem bem.



Veja, não estou falando mal da internet, mas você tem que saber usá-la. Aprenda, se distraia, faça amigos, estude, veja filmes, seriados. Mas não dissemine boatos, fofocas, discursos de ódio e preconceito. 

E lembre-se: antes de compartilhar, CHEQUE A FONTE!!!





Um comentário:

  1. Bateu fundo... tapa na fuça do povo, 'naufrago cibernetivo', com aquela mania de 'nao sei o que tao falando, mas vou falar tambem'...
    Eh isso ai...

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