17 ou 21?

Nas últimas semanas tenho visto notícias que funcionam como um verdadeiro transporte ao tão famoso túnel do tempo: estupros coletivos, abusos sexuais em público sem ninguém se manifestar, cura gay, intolerância religiosa, religião se misturando com a política. Quando vejo isso tudo eu penso estar no séc. XVII, porque eu aprendi na escola que era nessa época que essas coisas aconteciam.

Mas hoje deixei meu lado atônito para trás e coloquei meu racional para funcionar. Não, não estamos no séc. XVII. Estamos no XXI. Sim! O grande século da nova era, dos avanços científicos, das descobertas, dos grandes passos para a modernidade. E, sim, é neste mesmíssimo século que essas atrocidades acontecem.

Para olhos destreinados, parece um absurdo, um paradoxo. Mas faça como eu, querido leitor: respire fundo, conte até 10, dispa-se de seus preconceitos e embarque na minha jornada - que pode se mostrar uma grande perda de tempo para você ao final.

Essas barbaridades não estão acontecendo agora. A verdade é que elas NUNCA deixaram de acontecer! Esqueça os anos 80, os hippies, "make love, no war". A guerra continuou, por baixo dos panos, como sempre foi (concordo que mais violenta).  Mas agora a informação é uma grande aliada do povo. Ressalvo aqui que não de todo o povo, somente de quem sabe como usá-la e melhor absorver conhecimento dela, mas isso é assunto para outro post.

A informação é aliada do povo. Hoje mesmo eu disse isso à minha mãe: a qualquer hora, em qualquer lugar, eu tenho o mundo em minhas mãos e me comunico com quem quiser, em qualquer parte do planeta. É a era do fim dos segredos, de remexer as feridas.

E, meu Deus, como catucar as feridas dói! Perguntem isso a qualquer criança! O machucado está lá, paradinho, sem cuidar, já criou até casquinha, mas inflamou. É preciso abrí-lo, mexer, tirar o pus, a inflamação. E vai doer, e vai sangrar, e muitos vão reclamar, gritar e ser contra. Mas não há outro remédio.

O que vemos hoje acontecer, amigo leitor, é a assepsia de feridas putrefatas que precisam urgentemente de um tratamento para que não resultem no amputamento de um membro.

Então, sim! Tragamos de volta as discussões sobre sexualidade, aborto, estupro, papel da mulher da sociedade. Mas nos livremos das amarras que nos prendem ao passado para que vejamos com outros olhos essas questões. Já dizia Albert Einstein "não há maior sinal de loucura do que fazer uma coisa repetidamente e esperar a cada vez um resultado diferente." E nenhum de nós quer ser louco! (Assim espero...)

Essa é a nossa - terceira, quarta? - grande chance de resolvermos todas essas questões definitivamente e colocar um ponto final! Porque depois delas, ainda temos muitas outras a se resolverem. Então, não tardemos mais protelando até a quinta ou sexta oportunidade. A hora é agora!

Começo eu então com a minha opinião: estupro é crime hediondo e, por tanto, inafiançável. Mas, ainda sim, temos uma sociedade que se cala diante de crimes cometidos contra a mulher. Há até quem diga que a culpa é da vítima Com se ser "estuprada" fosse uma experiência muito boa. Aliás, deveriam esses também ser presos, por estupidez.

Homofobia é crime. Não hediondo, mas deveria ser. Não é natural uma pessoa andar tranquilamente pela rua e ser espancada - em muitos casos, até a morte - por sua opção sexual. E não me venham com xurumelas de que "Deus criou o encaixe perfeito e de que é nojento". O encaixe é de cada um e que usem do jeito que quiserem e ninguém tem nada a ver com isso! Passa a ser da nossa conta, sim, quando inocentes são agredidos e mortos por simplesmente serem o que são. Voltaire dizia "posso não concordar com uma só palavra sua, mas defenderei até a morte o seu direito de dizê-la." Espero que você também consiga.

Religião e política jamais devem se misturar. E não digo isso por não ser evangélica ou católica. A história nos ensina. Como era o Brasil quando o Estado não era laico? Como são os países do oriente cujos Estados não são laicos? Pense nisso.

Intolerância religiosa é crime hediondo e inafiançável previsto em lei e na Constituição. E assim deve ser. Não faço piadinhas com outras religiões, não gosto que façam com a minha e repreendo duramente quem faz com qualquer uma. A fé é individual e sagrada. Cada um tem a sua e ninguém pode tripudiar em cima do que você acredita como um bem maior.

E você? Qual é a sua opinião?