sexta-feira, 13 de janeiro de 2012

Para não dizer que não escrevi...


Mais uma vez a inspiração veio e foi. Tem muito tempo que eu não escrevo. O segundo semestre de 2011 foi muito difícil para mim. Parecia que estava no meio do olho do furacão. Não. Parecia que me perdi nesse furacão. Na verdade às vezes acho que de fato me perdi. Pelo menos pedaços de mim foram perdidos. E, junto com eles, foi meu bem mais precioso: a inspiração.

De repente me vi sem conseguir escrever mais nenhuma crônica, nenhum conto, nenhuma opinião. Nem revisar texto dos outros eu conseguia mais. Mas o caos se instaurou quando esta... perda de palavras (por que não chamar assim?) atingiu em cheio meu trabalho. Nem profissionalmente eu escrevia. E isso, com certeza, se tornou um problema.

Um certo desespero tomou conta de mim. Senti-me desnuda, sem ter com o que me proteger. Senti-me sozinha sem as palavras, sem minhas companheiras de infância...

Final de dezembro então tomei uma decisão joguei m,eu velho caderno fora, cheio de minhas decepções, ideias, amores, rabiscos, e comprei um novo. Já que nada fluía era preciso recomeçar.

O caderno ficou ainda uns dias encostado até que numa noite a dor, aquela dor, me invadiu e, pela primeira vez em dois meses, consegui colocá-la para fora em palavras. Foi um alívio duplo: primeiro porque eu estava desabafando, segundo porque eu estava escrevendo.




Então as ideias começaram a surgir, mas como disse O Rappa uma vez "nem caneta nem papel, uma ideia fugia". E eu nunca tinha onde colocá-las. Então hoje eu decidi escrever. Meio louco? Talvez. Quem sabe eu esteja criando um "não-texto". Ok. Pouco provável. Só sei que abri meu bloco e, de caneta em punho, fiquei olhando as folhas em branco até que as palavras surgissem. Confesso que quase comecei com "meu querido diário" e na verdade não seria um começo inapropriado já que estou apenas desabafando mais uma vez.


Então, não sei no que vai dar esse texto, mas sei que preciso escrevê-lo. Talvez p/ contar que me apaixonei (pois é...), sofri e me recuperei. Que passei por uma crise depressiva ou que estou pensando em dar início a um post sobre homofobia ou opinar sobre a legalização compulsória da situação dos haitianos que entraram clandestinamente no país fugindo da miséria.

Viram? Estou perdida. Completamente perdida. Mas, pelo menos agora, vocês, o papel, o computador, têm como saber disso, porque escrevo. Minha autora favorita disse certa vez "escrevo como se fosse para salvar a vida de alguém, talvez a minha própria". É, Clarice, você podia não ter certeza, mas eu tenho. Escrevo para salvar a mim mesma. Mais do que para qualquer um, escrevo para mim. A maioria dos meus textos ficam no meu caderno, para ninguém ler. Eu nasci para escrever e minha leitora mais aficionada, mais fanática, sou eu mesma. Mas às vezes venho aqui e divido um pouco de mim.



Engraçado que nesses meses só me vinha uma paráfrase de Jorge Aragão na minha cabeça: "e quando a dor quiser me deixar escrever, vão saber que andei sofrendo". Bom, a dor eu não sei, mas a alegria que vem tímida, em conta-gotas diário, essa tem me deixado escrever.

7 comentários:

  1. A Dor só é dor se vier acompanhada de lágrimas fruto do coração que se entristece e se lamanta em forma de lágrima. A alegria é quando recebemos algo que nos deixa muito bem em profundo bem ao coração ! Vc está timidamente feliz ? Eu estou feliz por vc me escrever ,,mesmo que timidamente !!
    Se vc estiver perdida ,,serei o seu GPS ....SEMPRE !!!
    BEIJOSS DO ANTONIO CARLOS TERRERI

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  2. Mas percebo q o furacão lhe trouxe frutos... bjus (Anjo_Gótico)

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  3. Esse texto mostra seu amadurecimento frente às diversidades. E mostra garra. É preciso deixar para trás uma etapa para que outra possa começar. Beijos, linda.

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  4. Com isso, faço uma citação de uma citação:
    De Caio F. Abreu:
    "como diz um poeta gaúcho, Gabriel de Britto Velho, 'apaga o cigarro no peito / diz pra ti o que não gostas de ouvir / diz tudo'. Isso é escrever. Tira sangue com as unhas."

    Escrever pode tirar sangue, mas sei que também cura, então se entenda com seus textos que creio que se entenderá com voce mesma senhorita escritora.

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  5. Entenda que você jamais ira deixar de escrever. o que aconteceu foi apenas um cansaço. uma pequenas férias.

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  6. Entenda amiga que vc é boa nas coisas que faz. E o que aconteceu foi uma pequena férias. para poder respirar e ter novas ideias.
    te amo.
    beijos

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  7. Amei o não-texto! Eheheheh
    Teu dom com as palavras é nato e, exatamente por isso, tua vingança intima pela fase dificil era o sequestro delas.
    Não nos prive mais por tanto tempo. Uma situação não dura para sempre, seja ela boa ou ruim!

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